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Como o sistema de mini colas me fez a garota mais rica da quinta série (e vai te tornar mais criativa).
Clube das Dondocas – Edição #003

Alerta: tire as crianças da sala ao continuar a leitura…
“Criar conteúdos e aulas assim pra quem é criativa, é fácil. E quem não nasceu com esse dom?”
Perguntou a fake em um anúncio no meu Instagram. Era uma pergunta válida.
Me pegou de surpresa, porque nunca fui considerada uma criança ou adolescente criativa. Nunca fui a menina da escolinha que criava pulseiras de miçangas encantadoras ou fazia desenhos que chamavam a atenção de outras crianças. Minha melhor arte na tentativa de fazer um desenho era assim:

Artista: Jessica Shuwen, 6 anos.
Não era por falta de ideias, creio que sempre tive um lado empreendedor — não no sentido da venda, mas sim de ter infinitas ideias novas, boas e ruins. Tantas que eu deixava a minha mãe louca do quanto eu “sonhava acordada”.
Foi assim que desenvolvi um sistema de mini colas de provas na 5ª série. Eu digitava a matéria inteira em fonte tamanho 06 no Word e imprimia várias unidades em uma única página de papel, cortava e guardava no estojo.
Como sempre usávamos casaco na sala de aula, o minúsculo papel era escondido dentro da manga e era impossível um professor pegar um pedaço tão pequeno, parecia papel amassado de Trident (crianças, não façam isso em casa, é errado. Professores, perdoem a pequena Jessiquinha que queria comprar a pizza da cantina).
Ora, na inocência de uma criança de 10 anos no ano de 2005, pensei o seguinte:
— “Bom, eu não preciso colar (modéstia à parte, memória visual é algo forte por aqui) mas meus amigos vão de mal à pior em geografia, história e língua portuguesa. Vou ajudá-los.”
Então eu comecei a vender as mini colas por R$ 0,50 cada — me sentia rica, com
5 vendas eu comprava a mini pizza de calabresa da cantina do Colégio São José e meus amigos não ficavam mais de castigo pelas notas ruins, parecia ótimo.
E o que isso tem a ver com criatividade?
Ela foi bombardeada pelas expectativas alheias a respeito da minha versão adulta.
"A magia da infância está na ausência de limites para a imaginação; ao impor tantas regras, apagamos as cores desse mundo."
Os 8 tipos de inteligência

Se você cresceu no Sul/Sudeste, deve ter recordações daquele nerdzinho da sala que não socializava com ninguém mas era o preferido dos professores. Ele ia bem em absolutamente todas as matérias, mas não se saía bem no convívio social. Na minha escola, o nome dele era Vicente.
Quando somos adolescentes, não queremos ser Vicentes, porque seríamos os excluídos da escola. Acontece que existe um comodismo social que nos pressiona a sermos todos como o Vicente:
Estáveis;
Não pensar fora da caixa;
Tirar 100 em tudo, escolher um curso na faculdade que é considerado “sucesso” pela sociedade;
Fazer um concurso ou ser contratado como CLT para ter segurança financeira.
Não há problema algum se esse for o real desejo e dom dessa criança. Vicente com certeza ficou realizado quando no 3º ano do ensino médio passou no ITA.
O problema nasce quando arrancamos os dons de outras crianças pela raiz, mesmo que o motivo seja uma preocupação genuína dos pais.
Segundo o psicólogo Howard Gardner, existem 8 tipos de inteligência e todas as pessoas possuem todas as oito, mas em diferentes graus. São elas:
Inteligência Linguística
Inteligência Lógico-Matemática
Inteligência Espacial
Inteligência Corporal-Cinestésica
Inteligência Musical
Inteligência Interpessoal
Inteligência Intrapessoal
Inteligência Naturalista
Agora me responda rapidamente: Qual é a inteligência que Vicente tinha com toda certeza? E qual ele não tinha nem um pouco de aptidão?
Inteligência Lógico-Matemática: era tão natural como respirar.
Inteligência Interpessoal: tão difícil quanto aprender a pilotar um avião.
O ponto é que, sem expectativas externas, a criatividade infantil se aguça, pois o medo de errar não limita sua imaginação para mundos fantasiosos.
Essa naturalidade já diminui no ensino médio, quando pertencer a um grupo se torna muito importante para o adolescente e obter 100 em tudo se torna crucial para os pais.
Tudo que foge dessa caixa, é considerado perigoso.
- Tem o dom da pintura e tira 100 em artes? Não importa, vai virar hobby.
- Tirou 6 em física e química? Ih, tadinha. É meio burrinha.
- É popular e faz várias amizades na escola? Criança rebelde, não para quieta.
Sofia, uma amiga da 3ª série, tinha ouvido absoluto (conseguia identificar notas e acordes apenas por ouví-los). Ela fez aulas de piano, sonhava em ir para o Raul Gil (meu Deus, existe ainda? Estou velha) mas foi fortemente desencorajada. Sua inteligência musical “não a levaria à lugar algum”.
Sofia é mais um caso de criatividade minada que se tornou uma advogada que não exerce a carreira. Hoje, com 29 anos, ela segue procurando “a paixão dela”.
"A criatividade e o potencial humano florescem quando respeitamos as múltiplas maneiras de pensar e aprender."
Recuperando a sua criatividade

Não é à toa que vemos tantas nutricionistas, psicólogas, advogadas e médicas com medo de falar em público. O medo de se expor à algo que, na infância, foi considerado como “rebeldia”.
Entretanto, nunca tivemos tantos casos de adultos com falta de habilidades sociais fazendo terapia, em busca de novas amizades e sem saber se conectar com outras pessoas. A área da Inteligência Interpessoal que foi minada com a ideia de que criatividade é coisa de artista.
Deixar a criança ser criativa? Tudo bem, é lindo!
Deixar um adulto ser criativo? Já se imagina o esteriótipo do desempregado, que fez faculdade de artes e passa o dia analisando pinturas abstratas que ninguém entende.
A verdadeira criatividade está em transformar uma conversa com o paciente no consultório em uma história gostosa de ser contada na internet.
Ela também está em uma analogia que você faz quando lê um livro e imagina como aquele assunto se tornaria um bom conteúdo.
Também está na permissão para ter ideias ruins. As minhas melhores ideias nascem quando estou caminhando, na academia, tomando um banho ou no meio da natureza, mas as piores também. Eu não as julgo, simplesmente deixo vir à minha mente, anoto e deixo a criatividade exercer a função.
E aqui chegamos a um ponto crucial. Todas as oito inteligências podem ser aprimoradas ou recuperadas. Se, como eu, você precisa aumentar sua criatividade, aqui estão quatro passos para conseguir isso:
Repertório offline
Livros e filmes fora da área do empreendedorismo (hábitos, disciplina, ficção, romance, teológicos, filosóficos…)
De nada adianta ver um filme com o celular na mão ou ler um livro com as notificações pulando na sua tela. Você não é onisciente, se quer mesmo treinar a sua mente para ser criativa, aprenda a ser focada e vá ler sem distrações!Contato com a criatividade original
Nós temos um Deus que imprimiu sua criatividade em toda a criação.
O belo estimula o nosso cérebro, ele é inegável, irrefutável e desperta o melhor de nós. Não há nada mais revigorante do que ver o pôr do sol nas montanhas durante as férias e voltar renovada para trabalhar.
Saia da tela minúscula do seu celular, vá para a imensidão de um parque próximo à sua casa, um fim de semana no campo, no mar ou outro lugar silencioso. É incrível o que a sua mente pode produzir quando limitamos o excesso de dopamina e distração.
O jeito errado porém usual
Quando você pensa em escrever um texto, um conteúdo ou algo que precise de criatividade, você recorre ao seu próprio bloco de notas ou pega seu celular, abre o Instagram e olha vários perfis na esperança de “modelar algum conteúdo”?
A 2ª forma mata a criatividade, ainda assim é a mais buscada nessa geração conectada.
Para sua criatividade fluir, você precisa de conteúdos densos e longos (tudo o que o instagram/TikTok não te oferece).
Uma newsletter: 5 a 10 minutos de conteúdo denso.
Um vídeo de Youtube com assunto específico: 5 a 10 minutos de conteúdo denso.
Instagram ou TikTok: 5 a 10 conteúdos rápidos e superficiais em 3 minutos.
Bloco dos 30 minutos
É claro que eu rolo o feed, assisto stories, Reels e consumo outros conteúdos curtos. Porém, eu delimito blocos de 30 minutos com intencionalidade. A regra funciona assim: abro o timer do meu celular e cronometro:
30 minutos para gastar no Instagram: todo conteúdo bom que passar por mim, vou anotar a ideia no meu Notion de conteúdo.
Quando for dia de escrever conteúdos, newsletters, meu livro ou outros textos, trabalho com blocos de 30 minutos apenas olhando minhas referências de livros, filmes, Notion e artigos que separei. O celular? No modo avião, sem interrupções.
Eu não sou criativa. Eu só criei um método para driblar a falta dela e agora você pode fazer o mesmo.
Não é dom, é técnica. Ainda bem, não é mesmo?
Outra dica de ouro: eu leio muitas newsletters americanas. Extraio ideias mensais de matérias diretamente da fonte e meus conteúdos se tornam distintos no oceano de monotonia. 1440 Media traz conteúdos interessantes, com uma linguagem jovem e criativa, conheça:
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Obrigada por acompanhar mais uma newsletter do Clube das Dondocas.
Yours Truly,
- Jé Shuwen
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