3 Lições que o fisiculturismo me ensinou

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As luzes e as sombras do fisiculturismo

O fisiculturismo fez parte da minha vida durante 2 anos. Especificamente, em 2018 e 2019, época em que eu estava no último ano da faculdade de Nutrição.

Foi uma época nebulosa em minha vida, eu vivia um relacionamento abusivo e via no fisiculturismo uma forma de fugir da minha realidade.

Parecia ser uma das únicas coisas que eu poderia controlar o resultado que eu queria, enquanto a vida pessoal desmoronava. Em outra newsletter posso contar os altos e baixos, luzes e sombras que vivi com o fisiculturismo, até mesmo minha história com anabolizantes e compulsão alimentar.

Hoje quero compartilhar lições positivas que tirei de um esporte que me exigiu tanta disciplina e sacrifício. Um esporte que me ensinou a importância do longo prazo, no qual vivi na pele o real significado da frase:

De indisciplinada ao palco Top 4 do MuscleContest São Paulo

10 a 15 atletas na categoria Bikini Amateur? Pelo que me lembro, era essa a quantidade de atletas na minha categoria. Peguei a medalha Top 4 e senti a felicidade de ter persistido naqueles dias onde tudo que eu queria era faltar o cardio em um dia de chuva e comer um pedaço de pão a mais.

Mas essa sensação de minutos em cima do palco, sob as luzes do holofote, foi construída nos picos e vales do dia a dia, na falta de vontade, no olhar no espelho e só enxergar defeitos, no fazer dieta, mesmo que tudo o que você queira seja passar um dia comendo sem pesar cada grama do alimento.

Pode ser duro, mas tudo que te desafia, te fortalece.

Aqui vão algumas lições que trouxe do fisiculturismo e que moldaram a Jessica que eu sou hoje:

1. O tijolo sem graça é imprescindível para a obra completa

É quase um modo automático do nosso cérebro economizar energia. Ele implanta aquele pensamento tão sorrateiro e rápido que você nem percebe: “e se a gente não fizesse, só hoje?”.

Isso vale para a sua produção de conteúdo, para a sua dieta, seu devocional, seus estudos, sua dedicação à sua casa… tudo.

No seu dia mais cansativo e brocochô, você vai pensar “só hoje não vai fazer diferença”, mas acredite, faz. O corpo do palco do fisiculturismo, é construído com pequenos tijolos sem cor e sem graça, até que você passar pela desidratação e o processo pré-campeonato e de repente, como mágica, percebe que o corpo de competição foi construído. Você sente orgulho de si mesma, daquele dia que você estava com dores e mesmo assim fez o que precisava ser feito.

Aprendi que se eu quero resultados extraordinários em algo, preciso agir mais do que o senso comum. Se eu quero resultados medianos, então tudo bem fazer de vez em quando.

O que não pode acontecer é existir uma lacuna entre o que eu digo que eu quero e o que eu faço.

2. Dizer não faz parte do processo

No fisiculturismo, se você não estiver com a saúde mental em dia, você não vai conseguir completar uma boa preparação e pelo menos nesse esporte, não adianta competir se não for para dar o seu 100%, afinal não é um esporte saudável e pelo contrário, a ausência de saúde é um fato.

Com isso, você aprende a dizer não e respeitar o seu processo. Você entende que a “próxima competição” ou ser a próxima a conquistar aquilo não é tão importante quanto você construir uma reputação de longo prazo.

Eu conheci várias atletas que queriam transformar aquilo em carreira, não era o meu objetivo, mas eu aprendi muito com elas sobre longo prazo. É mais interessante que o nome delas esteja em 3 competições ao longo de 3 anos, do que em 3 competições em 1 ano e sumir depois disso. Ganha reputação quem é constante, não quem alcança o pódio antes.

Quantas vezes você achou que estava atrasada, que precisava ser a próxima a conquistar o objetivo X custe o que custar? Acredite, uma carreira de longo prazo, de confiança e credibilidade é muito mais admirável do que um sprint de conquistas que só dura 1 ano.

3. A vitória é mais gostosa quando compartilhada

Salvo raras exceções, 95% das atletas que conheci e dividi palco eram mulheres de alto astral, que se divertiam durante o processo e eu fiz amizades no backstage da pintura e aquecimento pré palco.

Amizades essas que comemoravam quando eu subia ao palco e levava algum pódio e onde eu sentia aquela genuína felicidade por vê-las brilhando e descendo com uma medalha também.

O topo não é um cubículo onde cabe apenas uma pessoa, por isso quem vive competindo com os outros acaba sozinho. O topo é um lugar muito mais generoso do que você imagina, que cabe mulheres incríveis que compartilham dos mesmos objetivos e podem ser sua força de tração nos dias que você precisa.

Isso vale para sua vida fitness, sua vida espiritual, amorosa e claro, profissional (cá entre nós, a Comunidade NHT é reflexo disso, eu tenho um orgulho imenso do que construímos lá dentro 🤍).

A reflexão que fica para você hoje é:

Em quais ambientes você tem se inserido? Eles te ajudam a pegar tração rumo aos seus objetivos e valores de vida ou te puxam para baixo?

O ambiente e as pessoas com quem você convive, seja na vida offline quanto online, ditam muito sobre onde você irá chegar. Escolha bem.

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