Decisões "fatais" mudaram o rumo da minha vida

Clube das Dondocas – Edição #001

E SE NÃO DER CERTO?

02/2020 - O dia que decidi ir embora de
Foz do Iguaçu e recomeçar a vida em São Paulo

“Já sabe qual faculdade você vai escolher?"
"Mas essa área dá dinheiro?”

Quem nunca sentiu o coração palpitar ao ouvir essas perguntas?

Me lembro da sensação no ano do ensino médio: "só eu que me sinto perdida aqui?" Todos os meus colegas de classe pareciam saber qual curso iriam escolher, qual profissão escolheram para a vida e eu? Nada, minha mente era como um papel em branco.

Eu pegava a lista de “Cursos de Graduação” das faculdades mais renomadas — as únicas faculdades que minha família aplaudiria se eu passasse, você sabe à quais estou me referindo — e fazia uma escolha por exclusão.

“Quais profissões eu jamais escolheria para trabalhar?” e foi assim que entrei no que chamo de decisões fatais da vida.

Existe um pensamento comum passado entre gerações de que uma decisão que tomamos, é definitiva e imutável. Como se escolher qual curso você irá fazer na faculdade fosse determinar o resto da sua vida (é um sentimento de vida ou morte).

E isso se perpetua na nossa vida adulta, quando sentimos medo ao ter que tomar uma decisão e procrastinamos ao máximo.

“E se não der certo?"
“E se eu não conseguir dar conta?"

Esses pensamentos pairam em nossas mentes. Me lembro do dia que tive que decidir se fechava meu consultório presencial e investia tudo no “consultório on-line” ou se isso era loucura. Lembro especificamente de passar o dia pensando nisso, com medo de ser a decisão errada, receio do que poderia acontecer, como se errar fosse quase uma sentença de morte.

Senti a mesma trava e o mesmo bloqueio em 2018 e 2019, quando eu queria com todas as minhas forças largar um relacionamento abusivo que eu estava vivendo há 6 anos. Toda semana eu decidia que finalmente eu iria mudar a minha vida e largar aquele ser que só me fazia mal, mas aí vinha o momento em que a sua mente acha que é uma decisão fatal:

"Mas você ainda sabe viver sozinha?"
"E pra onde eu vou depois disso, o que eu vou fazer da vida?"

"A mente prefere o inferno familiar ao paraíso incerto."

Inspirada na obra de Nietzsche

Podemos estar insatisfeitas com a situação atual e até querer mudar, mas o medo da decisão e do incerto nos faz permanecer no desconforto conhecido.

Mudança de rota

Quem disse que uma decisão tomada precisa ser para o resto da vida?
Em 2019 a minha vida deu uma reviravolta — das boas.

Passei a tomar decisões sabendo que com o tempo, posso mudar a rota. Eliminei o fatalismo das decisões e passei a pensar "o que eu quero para os próximos 2 anos da minha vida?" E essa foi a melhor pergunta que me fiz.

Inspirada por pessoas de grande sucesso que mudaram a rota mesmo após os 30 anos, como

  • Vera Wang: trabalhou como jornalista esportiva na Vogue até os 40 anos. Quando percebeu que não se tornaria editora-chefe, mudou de carreira, entrou no mundo da moda e se tornou uma das designers mais renomadas do mundo - com sua própria marca de vestidos de noiva.

  • J.K. Rowling: começou a escrever os livros de Harry Potter enquanto enfrentava dificuldades financeiras como mãe solteira e professora. Apenas aos 32 anos, publicou seu primeiro livro, transformando a série em um fenômeno mundial.

  • Andrea Bocelli: sim, o maior tenor, compositor e produtor musical italiano, vencedor de 5 BRIT Awards e 3 Grammys não começou sua carreira na música. Bocelli era advogado até os 34 anos, quando mudou a rota.

Minha própria mãe foi um exemplo de mudança de rota, chegou a trabalhar como diarista, gerente de loja, gerente administrativa e hoje abriu seu negócio próprio em São Paulo. Apesar dela me incentivar a escolher “a profissão da minha vida" porque a ideia de estabilidade e certeza do futuro era um sonho que ela nunca teve.

Então por que parece tão difícil traçar as metas de um ano novo ou tomar decisões importantes da vida pessoal e profissional? Talvez seja pelo fato de acreditarmos inconscientemente que errar é fracassar, temos uma tendência a evitar erros a todo custo como se fosse algo vergonhoso, mas nenhum sucesso ou acerto acontece sem antes ter passado pelo erro.

"Você aprende enquanto faz, não enquanto espera."

Se pelo medo de cometer erros novamente, Simone Biles não tivesse retornado às olimpíadas, ela não teria o documentário da Netflix dedicado à história dela e não teria ganho a medalha de prata em 2024.

Se Rebeca Andrade pensasse “e se não der certo? A Simone é melhor que eu”, ela não teria ganho a medalha de ouro e conquistado o tão sonhado pódio para a alegria do coração brasileiro.

Errar não significa fracasso. Desistir, sim.
Já pensou em quantas oportunidades você teria se parasse de deixar o medo dominar e simplesmente fizesse uma escolha?

A regra dos 2 anos

“Eu me vejo fazendo isso daqui a 2 anos?”

Essa é a pergunta que eu me faço agora ao criar metas, tomar decisões de trabalho, aceitar um projeto ou não, começar um novo empreendimento ou até mesmo se devo reformar a sala de casa.

Mesmo que seja uma decisão de grande impacto, eu sei que sempre tenho a chance de mudar de rota. Eu não preciso me preocupar antecipadamente com o que vai acontecer em 5 ou 10 anos se eu escolher X ao invés de Y, eu escolho com base no que faz sentido para a vida que eu quero levar nos próximos 2 ou 3 anos, isso torna a vida muito mais valorosa e a sua mente muito mais focada no presente.

2025 está iniciando, e você pode ter decisões significativas a fazer, meu conselho é:

  1. Se você tem liberdade para tomar suas próprias decisões, você tem liberdade para mudar a rota da sua própria vida;

  2. Você se sentirá muito mais leve se acabar com a pressão da “decisão fatal";

  3. Não decidir também é uma decisão, o problema é que as consequências não serão da sua escolha;

  4. Um ano passa em um piscar de olhos, você quer passá-lo orgulhosa de ter agido mais do que procrastinado?

Por último, mas não menos importante: Daqui a 2 anos, a decisão não faz mais sentido para você? Mude a rota, recalcule o GPS, você tem um mundo de possibilidades.

Para 2025 eu te desejo coragem para seguir seus sonhos, audácia para ser quem você é e disciplina para conquistar a versão que você sonha em ser.

Yours Truly,
- Jé Shuwen

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